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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aqueles dias

Para quem inalou aqueles dias.
Que evaporou aqueles dias
Numa lata de cerveja aqueles dias
Duas cidades queimadas naqueles dias
Muitas Histórias cruzadas naqueles dias
Muitas coisas fritadas naqueles dias
Naqueles dias acabou o carnaval
Tantas canções lembrarão aqueles dias

caio Fernandes

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

É Óbvio

*para Lara

Ela sabe que é linda
Não precisa de um verso
Para saber

Mas eu fiz o verso
Pra dizer o óbvio

Como é linda essa menina!
É isso que eu queria dizer!

(caio Fernandes)

domingo, 18 de outubro de 2009

Escorpiano com ascendente em aquário


Já colocou um escorpião no aquário?
Pois é, num faça isso não...
Mas se fizer...
Faça com jeitinho
Com muito carinho
Pra o coitado
Não morrer de paixão

caio fernandes
foto: Val penchel

sábado, 17 de outubro de 2009

Camarada

Ela me disse:
vale apena ser
vale apena ser Comunista!

Recortei um trecho

trecho recorte de um texto
pegue a tesoura e corte
pedaço de caminho
girando em seu proprio eixo
hoje me deparei com o seguinte trecho:

“Mas é nelas (bocas e mãos,
sonhos, greves e denúncias)
que te vejo pulsando,
mundo novo,
ainda que em estado de soluços e esperança.”

Há Gullar!! quantos trechos teus a recortar!

amores, rumores, humores


Se eu fosse um poeta
Eu seria muitos versos andando por ai

Fugindo de você
Se escondendo de mim

Teria poemas para fazer
Teria estrofes a dizer
e a noite não teria fim

amores, rumores, humores

(Caio Fernandes)

domingo, 11 de outubro de 2009


Canção do Ver
Por viver muitos anos dentro do mato
moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava as coisas
por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra.
E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar às pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em uma abelha, era
só abrir a palavra abelha e entrar dentro
dela.
Como se fosse infância da língua.
Manoel de Barros

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aquele verso que te prometi

Sabe o verso que te prometi?
Pois é,
eu perdi

perdi como se perde um grande amor
andei pálido,
sem cor

mas o que se faz quando se perde um verso?
É o mesmo que se faz quando se perde um amor?

Se for
Tá resolvido!
Pego o que foi vivido
E pinto com cor

(caio Fernandes)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Notas sobre um verso livre

Se fiz um verso
E o verso ficou livre
Ele ainda é meu?

Fiz eu um verso
Que por ser liberto
Não é meu

Mas se não é meu
De quem é o verso
Que fiz?

Verso, verso sobre ti
Pois é do mundo o verso que fiz.

(caio Fernandes)