Tak-tak

Tak! Tak!
que bicho foi esse que me mordeu?
Tak! Tak!
Aton Walter Smetak sou eu.

Caio Fernandes

Prosopis

Prosopis
juliflora
brotou no meu coração
de uma varjem amarela
devorado pelas cabras
procura água no Chão.

caio fernandes

Rompendo o cerco

é nois na quebrada! 

de gueto pra gueto! 

levantando barraco! 

cortando a cerca e rompendo o cerco!

Caio Fernandes

Há

Há menos Picasso em mim.
Só agora consigo ver o Basquiat

Caio Fernandes

leveza

me leve
gente leve
gentileza

só não faça a besteira
de ser breve
e fria como a neve

caismo

O piso

os pés no chão
o piso de madeira
rangendo sem moderação

caio fernandes

Tempos frios

esfriar, faz parte
do amor esfriar
e provar que resiste
a qualquer temperatura.

caio fernandes

Sua

estão aqui
por todo lado
tem cor de sol
tem cor de lua
tem a peculiaridade
de ser só sua.

caio fernandes

Efeitos medicinais e letais

o amor regenera
o que não regenera é o amor.

caio fernandes

banho de chuva

Nesses tempos, só tenho encontrado pessoas a procura de abrigo. Mesmo o desabrigado sendo eu. todos fugindo de suas próprias tempestades mas era na minha cidade que o tufão tinha passado.. passado é palavra doce e amarga no peito de um desabrigado.
Mesmo desabrigado, abriguei quem pude, fiz quase que por solidariedade a mim mesmo. "se estivesse nessa situação", pensava. Mas o fato é que estava e não tive abrigo. Vi formigas e cigarras ignorando a chuva e o vento forte, foi nesse instante que pensei que talvez meu corpo fosse o bastante para resistir a chuva e ao tufão, então sai. A água molhava os óculos, encharcava a camisa rubro-negra. Foi ai que tomei o melhor banho de chuva da minha vida

Caio Fernandes

Ponto.

Botei um ponto final no poema.

caio fernandes

Dourado*

Indio dourado
O caboclo do mato
anda ao seu lado
A cada caboclo
Mais sábio
Segundo um desses caboclos
Oxosssi teria te dado
Flecha e Arco
Além de uma cabeça rápida para atirar poesia!
Òké Aro!!! Arolé!

* Homenagem a Vitor Melo, jovem poeta e velho amigo!

Caio Fernandes

outros carnavais que não voltam mais

Só entendi
nesse carnaval
porque perdi
aquele avião
anos atrás.
não tivesse
ido
não teria me perdido
mas comprei
uma nova passagem
voei com o mesmo destino
ho linda! voltei Recife.

Paramos para o carnaval.

pensador de mim mesmo,
busquei respostas em outras pessoas
sem me dizer nada
sem ouvir uma só palavra
me voltei contra mim
diante do espelho perguntei:
onde sou sem mim?
e a resposta aguardei e aguardo.
as respostas das pessoas
é uma ilusão fadada ao fracasso
o acaso é uma ilusão fadada ao fracasso
assim como o destino
desde menino descofiei do destino
mas até ontem era menino.
e meninos sabem muito pouco do tempo que vai seguindo
hoje vou fazer uma nova pergunta diante o espelho
e nem espero resposta
espero apenas uma proposta.

Inevitável

Uma hora vai ser inevitável o encontro desse desencontro
Espero que até lá esteja bem, comigo, com você e com meu bem.
Uma hora vai ser inevitável o mau gosto desse desgosto
Menos do que necessário é evitar o desnecessário
e se tanto já passou que é passsado meu amor
passado e repassado não florece nenhuma cor

Caio Fernandes

O ballet da classe trabalhadora

A classe trabalhadora vai ao Ballet e deixa a burguesia de cabelo em pé.

Caio Fernandes